sábado, 11 de setembro de 2010

A Balançar

Pedes-me um tempo,
para balanço de vida.
Mas eu sou de letras,
não me sei dividir.

Para mim um balanço
é mesmo balançar,
balançar até dar balanço
e sair..

Pedes-me um sonho,
para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho,
só dos de voar.

Agarras a minha mão
com a tua mão
e prendes-me a dizer
que me estás a salvar.

De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.

Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?

De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração...


Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão,
o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.


Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.

E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.

De quê?
De viver o perigo.

De quê?
De rasgar o peito.


Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?

De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ter
nem sentir
o vento ardente
a soprar o coração.

1 comentário:

JS disse...

«Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.»

É tão difícil avaliar quanto temos para oferecer... Quando estamos apaixonados, tudo nos parece pouco: por mais que tentemos dar, nunca nos sentimos dignos da pessoa que amamos. Podemos confiar nessa sensação de incompletude e desistir precocemente de um amor que parece não estar ao nosso alcance, sem darmos sequer ao outro a possibilidade de nos conhecer; ou podemos valorizar em excesso aquilo que temos e somos, e insistir na busca de um amor que verdadeiramente não merecemos. Entre um extremo e o outro, é tão difícil encontrar o ponto de equilíbrio...